Comendo Conosco

. terça-feira, julho 11, 2006

Acabo de me recordar de uma história contada por um amigo da minha família, o Prof. Hamilton Lessa. Agora, ele deve estar pelas bandas de Goiás, cuidando de alguma escola e contando uns “causos”, como ele gostava de dizer, para os amigos.

Aliás, o professor era um gênio na arte de imitar aquele personagem da Praça É Nossa que sempre queria fazer uma “postinha”. Todas as vezes que ele me via ele imitava o personagem, engrossando a voz e fazendo um beição: “Tô de olho no sinhô”. E arrematava: “Qué fazê uma postinha? Cem real.”

Engraçadíssimo. E menos que o superlativo não seria o suficiente pra expressar o tamanho das gargalhadas que ele conquistava.

Voltando a história que me veio à memória no início do primeiro parágrafo, contava o professor de um amigo que morava muito longe da cidade, se era na roça não me lembro bem, e que foi visitá-lo em sua casa, num lugar mais próximo dos prédios e carros movidos à gasolina. Pois bem, o amigo visitante chegou à casa do professor e ficaram a bater um papo por um bom tempo. Conversa vai, conversa vem, e a hora do jantar foi chegando. Mas antes que fosse servida a refeição, o amigo do professor decidiu ir embora, e foi aí que o Lessa soltou essa:

- Mas não vá agora, amigo. Fique pra comer conosco.

Contente pelo convite e por poder comer e saciar a fome, foram à mesa. Depois de jantarem, o amigo que, ou desconhecia ou pelo menos nunca tinha tido o conhecimento do nome do principal prato do jantar, se despediu do Lessa com o seguinte pedido:

- Hamilton, muito obrigado pela conversa e pela janta. Já vou indo. Mas antes posso lhe fazer um pedido?

Com toda a boa vontade do mundo, o Lessa disse:

- Mas é claro. O que é?

Para surpresa e risada do professor e de todos que ouviram a história depois, o rapaz respondeu:

- É que eu achei tão gostosos esses “conosquinhos”, que será que eu podia levar alguns pra casa?