O melhor do Brasil não é o brasileiro... é a ignorância dele

. segunda-feira, setembro 04, 2006

Vem-me à mente uma das frases de impacto promovidas pelo governo Lula: “O melhor do Brasil é o brasileiro.” A frase tem efeito sobre mim. Mas ao contrário do que os publicitários de Luís Inácio desejavam, sinto como se essa fosse uma afirmação altamente falsa vindo da parte do atual presidente.

Vou ao Google e digito a publicidade. Entre várias referências encontradas, escolho a que me parece ter o perfil das ações do presidente, a página que é promovida pela Associação Brasileira de Anunciantes. Anuncia, propaga, promete e tudo o que se vê é uma redução de 0,5% na taxa de juros e as esmolas espalhadas pelo Bolsa-Família.

Alguém pode questionar o termo esmola relacionado ao programa assistencial do governo federal. Mas imagine que o indivíduo que recebe o benefício é pobre e só recebe o tal dinheiro por estar nesta condição: por que ele vai querer deixar de ser pobre? Por que levar o filho para a escola se pode obter o Bolsa-Família sem esforço algum e ainda levar o pequeno para trabalhar?

Há uma semana, em 30 de agosto, o senador Jefferson Peres fez um discurso de desabafo. Antes de dizer que provavelmente deixará a vida pública em definitivo ao fim de seu mandato, em 2010, Peres descarregou todo o seu descontentamento contra o comportamento dos políticos que corrompem o País, com os artistas que acham normal “meter a mão na ‘m’” e com o imenso povão. Mas a maior constatação do senador não foi em relação à escancarada ladroagem (que seria muito fácil de perceber), mas sim relacionada ao brasileiro como indivíduo.

Direcionando-se aos senadores José Jorge e Antônio Carlos Magalhães, ele averiguou:

- Poderíamos não ter um barril de petróleo nem um metro cúbico de gás, mas poderíamos ser uma das potências mundiais em termos de desenvolvimento. O Japão não tem nada de riquezas minerais. A Coréia do Sul também não e nos dá um banho em termos de desenvolvimento. O que falta mesmo ao País e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer o que precisaria ser feito: investimento em capital humano.

Volto a pensar na frase “o melhor do Brasil é o brasileiro”. A ironia é real num governo em que manter grande parte da população no conformismo da pobreza e da ignorância é uma das grandes propagandas.

Antes de fechar a página da web, faço uma última leitura: “Bom exemplo. Essa moda pega.” Uma hipocrisia gêmea na gestão do mensalão, onde bom exemplo não houve sequer um. O melhor do Brasil não é o brasileiro, é a ignorância dele. Ignorância cultivada e almejada em ações públicas e publicidades federais.

1 comentários:

filipelamas disse...

Parabéns! Gostei do blog!
Um abraço de
Porto, Portugal